Ivonildo do Nordeste: "As pessoas andam mal-humoradas"
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O cantor, compositor e comediante Ivonildo Cordeiro da Silva, o Ivonildo do Nordeste, 53 anos, que vive do que produz com piadas, relaciona o bom humor à capacidade de recuperação de pacientes de doenças crônicas ou não, segundo citou a OMS (Organização Mundial de Saúde). “Infelizmente as pessoas andam muito mal-humoradas”.
Para ele, esse mau-humor das pessoas pode comprometer o trabalho criativo dos humoristas. “Você não pode fazer uma piada sobre determinada político ou pessoa importante que meia dúzia de bajuladores a desvirtua”. O reflexo é visto no processo criativo. “Principalmente o meu trabalho que é repentino. Muitas vezes o que digo não pode ser publicado.”
Ele citou que anos atrás fez um show de humor em Picos e incluiu piadas com pessoas da cidade. “Uma das pessoas que fiz a piada retirou o meu patrocínio”. Às vezes não é nem o próprio político, mas os mais próximos que “para se mostrarem contam mentiras e desvirtua o que se disse”.
Para ele, realmente, a pessoa não leva isso em conta, mas pessoas próximas tentam tirar proveito, levando e trazendo fuxicos.
Ivonildo do Nordeste citou outro caso ocorrido em Riachão (MA), onde fazia show em companhia do cantor Chaguinha Bala. Chaguinha viu na platéia o ex-prefeito Lindbergh Moraes Rodrigues, o Berg Atalaia, filho do ex-prefeito e ex-deputado Chico de Júlio, e decidiu mandar um alô para o político, que havia perdido a eleição de 2008, pelo PV.
Os dois estavam lá contratados pelo atual prefeito, João Santos Braga [PSC] e adversário de Berg. Auxiliar de João Braga não gostou dessa menção em público, depois de seis meses que passou a campanha, e foi criticar os artistas.
Ivonildo respondeu ao assessor: “Você tem o talento de Chaguinha Bala?”
“É proibido agora”
Ele aponta que a nível nacional as coisas acontecem de outra maneira. “Se o CQC (Custe o Que Custar) da TV Bandeirantes fizer uma piada com determinado político ele vai gostar; se for alguém da gente, o assessor vem tirar onda”.
Ele relaciona o humor piauiense ao cearense. “No Ceará, a história já é outra. Você fala o que quer. Tudo lá é mais natural. Nós não estamos preparados para a cultura do humor”, queixa-se.
Uma das maneiras de se mudar esse quadro, na opinião do humorista, é as pessoas participarem dos eventos, dos shows e “abrir a mente e ver com outros olhos; ver e interpretar a piada e veja que o objetivo é fazê-lo sorrir”.
Para ele, do contrário vão ficar proibidas piadas com negros, pobres, prostitutas, políticos e personalidades.
Fonte: J292