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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mortes por doenças crônicas caem 17% no Brasil e aumentam 80% no Piauí

O Ministério da Saúde divulgou, nesta terça-feira, dados positivos para o Brasil, porém, não muito animadores para o Piauí. De acordo com o levantamento Saúde Brasil 2009, publicação anual da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), houve uma queda de 17% nas mortes por doenças crônicas em 11 anos, entre 1996 e 2007, o que equivale a uma redução média de 1,4% ao ano na taxa de mortalidade.

O grupo classificado como "doenças crônicas" representa 67% do total de óbitos no país, e inclui as doenças cardiovasculares, as respiratórias crônicas, as neoplasias e o diabetes. Somente em 2007 foram 705,5 mil vítimas dessas doenças.

Ao contrário da tendência geral de redução da mortalidade por doenças crônicas, as mortes por diabetes apresentaram aumento de 10% no mesmo período.

Em contrapartida à queda de 17% em âmbito nacional, o Piauí amargou, no mesmo período, um impressionante aumento de 80% na mortalidade provocada por doenças crônicas, o pior resultado entre todas as unidades da federação.

A mortalidade das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Estado era de 269 por 100 mil habitantes em 1996, e passou para 485 mortes por 100 mil habitantes em 2007 - um crescimento de 80%.

Considerada apenas a proporção de mortes causadas por doenças cardiovasculares, o índice aumentou 67% no Piauí, passando de 151 por 100 mil habitantes (em 1996) para 253 por 100 mil habitantes (em 2007).

Por fim, a taxa de mortalidade da diabetes quase triplicou entre 1996 e 2007. Naquele ano a doença provocou a morte de 14 piauienses para cada grupo de 100 mil pessoas. Em 2007 o índice pulou para 28 óbitos para cada 100 mil habitantes.

Segundo o levantamento feito pelo Ministério da Saúde, o Maranhão foi o estado a apresentar o segundo pior resultado, com um crescimento de 60% na mortalidade provocada por doenças crônicas.
 
 
 
Levantamento Saúde Brasil
 
Este ano o levantamento Saúde Brasil apresenta os temas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Em 2010, a ONU recomendou que os países-membros incluam as doenças crônicas não transmissíveis entre as prioridades que estarão em discussão na Assembleia de 2011.
 
No Brasil, a maior redução entre as doenças crônicas foi registrada nas mortes por doenças respiratórias (enfisema pulmonar, doença pulmonar obstrutivas crônica, asma, etc.), o que equivale a uma queda média de 2,8% ao ano na taxa de mortalidade. Segundo a análise, um dos fatores para esse resultado é a diminuição do tabagismo no país. De 1989 a 2009, o percentual de fumantes na população caiu de 35% para 16,2%.
 
Esse índice é bem menor que na Argentina e nos Estados Unidos, onde respectivamente 35% e 40% da população são dependentes da nicotina. “O Brasil é um dos países com maior êxito na campanha de combate ao tabagismo, registramos uma queda expressiva em um curto período de tempo”, afirma o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde da SVS, Otaliba Libânio Neto.
 
DOENÇAS CARDIOVASCULARES –Principal causa de morte no país, as doenças cardiovasculares concentram 29,4% do total de óbitos declarados, com 308 mil registros em 2007. O Saúde Brasil 2009 mostra uma queda de 26% na taxa de mortalidade, com redução média de 2,2% ao ano, passando de 284 por 100 mil habitantes, em 1996, para 206 por 100 mil habitantes, em 2007.
 
De acordo com Otaliba Libânio Neto, entre os fatores para esse resultado estão o maior nível de instrução da população e as políticas de prevenção à saúde, como a redução do tabagismo, a promoção de alimentação saudável e o estímulo à atividade física. “No que se refere à assistência à saúde, a expansão da atenção básica contribuiu para esse resultado, porque são doenças que podem ser controladas com diagnóstico e tratamento precoce e educação para a saúde”, explica.
 
DIABETES – O estudo aponta, por outro lado, tendência de aumento nas mortes por diabetes, verificado na maioria dos estados brasileiros, especialmente no Nordeste. De 1996 a 2007, houve aumento de 10% de mortes no país por diabetes mellitus, ao se considerar apenas o óbito por causa básica. Esse índice representa um aumento de 0,8% ao ano na taxa de mortalidade, que passou de 30 para 33 por 100 mil habitantes no período analisado. “O principal fator associado é a mudança na alimentação do brasileiro, que leva ao sobrepeso, afinal o diabetes tem relação direta com a obesidade”, comenta Libânio.
 
No último dia 14 de novembro, diversas ações marcaram o Dia Mundial e Nacional do Diabetes. A iniciativa, que teve por slogan “Controle o diabetes já!”, chamou a atenção dos brasileiros para a importância dos cuidados que podem ajudar a prevenir e controlar o diabetes mellitus (tipo 2) e a controlar a doença, responsável por mais de 90% dos casos da doença. Um dos importantes meios para a promoção da saúde também tem como eixo o Saúde da Família, que aumentou sua cobertura de 55 milhões de pessoas para mais de 100 milhões entre 2002 e 2010.
 
INDICADORES – Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do tipo 2 da diabetes em adultos é o histórico familiar e a obesidade. Por isso, desde 2006 o Ministério da Saúde monitora os fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis por meio do sistema Vigitel. São mais de 54 mil entrevistas para acompanhar variáveis como o hábito de fumar, o consumo de bebidas alcoólicas, o excesso de peso, a obesidade, os hábitos alimentares, o sedentarismo e a morbidade referida, com diagnóstico prévio para diabetes e hipertensão arterial.
 
Neste ano, o Vigitel verificou que o percentual dos brasileiros que sofrem de obesidade cresceu de 11,4% para 13,9% entre 2006 e 2009, o que reforça a necessidade de diferentes ações, entre elas a presença de nutricionistas nos núcleos de apoio à saúde da família (NASF). Atualmente, a rede possui mais de 1.000 Núcleos. A orientação sobre a mudança de hábitos alimentares também é decisiva para evitar prejuízos à saúde, como hipertensão e problemas cardíacos. Otaliba Libânio ressalta a importância de conhecer esses fatores como estratégia para reduzir as mortes por doenças crônicas não transmissíveis.
 
Outra iniciativa para monitorar a saúde do brasileiro, em fase de construção, é a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), coordenada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que será realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de 2012.
 
A PNS avaliará a saúde e alguns hábitos do brasileiro, com amostragem estimada em 60 mil pessoas. De acordo com o planejamento inicial, serão realizadas entrevistas domiciliares individuais com foco na condição de saúde e estilo de vida do entrevistado, com aferições de peso, altura, circunferência da cintura e pressão arterial, bem como coleta de sangue para exames laboratoriais.
 
PERFIL DA MORTALIDADE – A partir de 1980 há mudança considerável no perfil da mortalidade no Brasil, com aumento da proporção de óbitos por causas relacionadas a doenças crônicas e degenerativas, em detrimento das causas infecciosas e parasitárias. Hoje as doenças infecciosas e parasitárias representam o oitavo grupo de causas mais importantes no país, com apenas 4,4% dos óbitos.
 
Essa mudança, que é uma tendência mundial, no Brasil é observada em todas as regiões do país. A maior redução foi registrada na região Norte: em 1980 as doenças infecciosas e parasitárias representavam 26% do total de mortes, já em 2008, elas foram causa de 6,5% dos óbitos. Na região Nordeste, os óbitos por essas doenças caíram de 21% para 5% do total registrado.
 
Outro recorte do Saúde Brasil, que analisa a mortalidade por doenças transmissíveis na última década, evidencia tendência decrescente de casos e óbitos em diversos grupos destas doenças, tais como as que podem ser prevenidas por vacinas, doenças diarreicas agudas, esquistossomoses, raiva, doença de chagas e hepatite A.
 
As ações desenvolvidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), pela Vigilância Epidemiológica, pelo Diagnóstico Laboratorial e pelas ações de controle realizadas  em parceria com os Estados e municípios, são responsáveis pela tendência de queda observada em casos e óbitos de várias doenças em que o SUS disponibiliza vacinas para toda a população. Entre elas estão poliomielite, sarampo, rubéola, síndrome da rubéola congênita, tétano neonatal e acidental, coqueluche, difteria e meningite por H. Influenzae. A cobertura média das vacinas em menores de 1 ano ultrapassa os 95%.
 
PREVENÇÃO – O SUS possui um conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento, capacitação de profissionais, vigilância e assistência farmacêutica, além de pesquisas voltadas para o cuidado aos pacientes com doenças crônicas. São ações pactuadas, financiadas e executadas pelos gestores das três esferas de governo: federal, estadual e municipal.

Para o controle do diabetes, por exemplo, uma das estratégias do Brasil para a prevenção e o acompanhamento dos cidadãos com a doença é o trabalho desenvolvido pelas 31,5 mil equipes de Saúde da Família. Presentes em 99% dos municípios, elas conseguem identificar, tratar e acompanhar a evolução dos portadores de diabetes. Nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs), os pacientes podem ser acompanhados por nutricionistas.

Com Informações O Dia

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