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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Abuso de medicamentos é tão perigoso quanto drogas ilícitas

Abuso de medicamentos é tão perigoso quanto drogas ilícitas


O problema da automedicação é uma realidade no país. A maioria dos lares tem um pequeno estoque de medicamentos usados comumente para aliviar os sintomas de dor e febre. Porém, o uso desses medicamentos que, aparentemente, não fazem mal algum, pode trazer sérios riscos à saúde. 


Para os especialistas, os remédios que podem ser comprados sem prescrição médica são mais usados do que as drogas ilícitas.

Jefferson Campelo, clínico geral, afirma que o uso indiscriminado de medicamentos tem ocasionado um aumento considerável de problemas de saúde, como hemorragia digestiva. "Esta semana tivemos um caso aqui no consultório de pacientes que tiveram esse tipo de hemorragia por conta da ingestão de um simples AAS infantil", relatou. "O uso de remédio sem prescrição médica tem sido pior do que o uso de drogas. Isso porque quase a totalidade da população abusa do uso de medicamentos", completou o médico.

O grande problema dos medicamentos é que a maioria deles não atua diretamente na parte do corpo que está com problemas. Conforme alerta os médicos, os remédios precisam de longos percursos dentro do organismo até atingirem o alvo desejável. Nesse processo, que faz com que os remédios visitem com freqüência o estômago e o fígado, podem ocorrer sensações estranhas tais como as queimações no estômago.

É justamente aí que estão os maiores problemas de contra-indicações e efeitos colaterais. Além disso, um remédio pode ir para outra parte do corpo, atraído quimicamente. Um dos exemplos mais simples deste fato são os anti-histamínicos (usados nas alergias), que podem provocar sonolência, devida a sua ação no sistema nervoso central.

Os produtos mais consumidos entre as pessoas são a dipirona, o paracetamol, o ácido acetilsalicílico, mais conhecida como aspirina e o ibuprofeno, mas há dezenas de outras moléculas produzidas pela indústria farmacêuticas com a mesma finalidade. Para a médica Ana Maria Lima, quem padece do desconforto da dor ou febre não pensa duas vezes antes de tomar um analgésico ou antitérmico. Pessoas que tiveram cólica uterina (menstrual) ou por cálculos renais, enxaqueca, problemas da coluna vertebral, fraturas ou gripe provam tal afirmação.

"Muita gente não se dá conta de que dor e febre são importantes alertas do corpo, e diagnosticar sua causa é tão importante quanto aliviar o incômodo. Algumas pessoas tomam analgésicos diariamente para dor de cabeça e deixam de consultar um médico para descobrir o motivo da dor", disse. Segundo a médica, essa prática atrapalha o diagnóstico e tratamento precoce de algumas doenças sérias como tumores e aneurismas cerebrais. "Há, também, quem tome antitérmicos indiscriminadamente, sem sequer ter um termômetro em casa para se certificar de que estava com febre", afirmou.

A agente de saúde, Maria Gomes, afirma que sempre mantém em casa dipirona para "quando alguém sentir alguma coisa usar". "Eu mesma não uso, mas geralmente meu marido e meus filhos quando precisam a gente dar para dor de cabeça", contou. Ela reconhece os perigos do uso indiscriminado, mas aponta a necessidade de uma regulamentação. "Porque nas farmácias vende e por isso a gente compra", frisou.

Diariamente a população tem o hábito de recorrer aos analgésicos sem a orientação de um profissional de saúde e sem ler a bula do produto, portanto, desconhece as contraindicações e o risco do uso de doses excessivas ou por períodos prolongados.

A dipirona, por exemplo, pode provocar aplasia da medula óssea, uma complicação muito rara, porém séria. A aspirina pode ocasionar hemorragias, o que é particularmente perigoso nos casos de dengue, ou a síndrome de Reye, ocorrência de convulsões ou coma em crianças com infecções virais que utilizam o medicamento como antitérmico.

A bula do paracetamol, por exemplo, orienta a não usá-lo por mais de cinco dias seguidos em crianças, mais de 10 dias em adultos, ou mais de três dias em caso de febre. Também deve ser respeitado o limite de consumo de 4g do medicamento por dia em adultos sem outros problemas de saúde. Indivíduos que ingerem bebidas alcoólicas com frequência ou apresentam doenças do fígado têm maior probabilidade de lesão hepática pelo paracetamol, por isso devem usá-lo apenas com a orientação do médico.


O clínico geral, Jefferson Campelo, explica que nenhum medicamento é isento de riscos à saúde. "Quando as farmácias vendem um comprimido, por exemplo, se esquecem que quando um remédio é vendido em uma caixa é porque ele faz parte de um tratamento, portanto, deve ser passível de recomendação médica", completou.

Vale lembrar que muitos "antigripais", descongestionantes e relaxantes musculares contêm paracetamol ou dipirona na formulação. Quem toma vários remédios simultaneamente para tentar aliviar a dor rapidamente fica mais sujeito à superdosagem. "Não é incomum atender pacientes que utilizam, por exemplo, dipirona, anador e novalgina mais de uma vez ao dia, sem perceber que todos esses produtos, apesar das marcas comerciais diferentes, contêm a mesmíssima dipirona", alertou a médica Ana Maria Lima.

Fórmulas manipuladas podem ter efeitos colaterais perigosos
No Brasil os analgésicos são os remédios mais vendidos, e nem por isso deixam de trazer efeitos colaterais. O problema está no uso indiscriminado desses remédios e daquelas fórmulas manipuladas, onde o médico faz uma mistura de substâncias que podem causar graves problemas de saúde.

A médica Ana Maria Lima explica que a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proíbe medicamentos que não sejam monodrogas, ou seja, com composição única. Essas fórmulas misturam hormônio de crescimento, antidepressivos, laxantes, diuréticos e anfepramona. Isso pode trazer uma série de riscos para o indivíduo.

De acordo com a médica, é comum esses remédios manipulados causarem problemas nos rins, prisão de ventre e até mesmo problemas psiquiátricos. "Eu costumo chamar esses remédios de chumbo grosso, eles causam efeitos colaterais gravíssimos. Os rins podem até parar de funcionar, por conta da quantidade de diurético nas fórmulas", alerta.

Consulta deve esclarer pacientes
Alguns efeitos colaterais não são previsíveis. Neste caso, informe ao médico todo e qualquer efeito sofrido com a utilização de outros medicamentos anteriormente. Isto evita que um médico, por exemplo, receite um medicamento que possa ter efeitos colaterais semelhantes.


Nos casos dos alérgicos a atenção deve ser redobrada. Além dos efeitos colaterais comuns a todos podem ver surgir manchas vermelhas que coçam muito. Caso os efeitos colaterais não desaparecem em poucos dias, o melhor a se fazer é suspender o seu uso, claro, com a orientação do médico.

Por isso, qualquer medicamento que esteja usando deve ser mencionado, desde um simples xarope até pílulas anticoncepcionais. Também aí se incluem medicamentos homeopáticos. É importante também saber do médico quais os alimentos e bebidas podem ser ingeridos. Informe-se ainda a forma correta do uso do remédio, sua freqüência e dosagem.


 Fonte: Jornal O Dia

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