Cinco em cada mil habitantes de Teresina têm Aids
Carlos Henrique Nery Costa, ex-diretor do HDIC, defende mais políticas de prevenção entre jovens.
Cinco em cada mil teresinenses possuem o vírus HIV. A informação foi passada ontem pelo ex-diretor do Hospital de Doenças Tropicais Natan Portella, Carlos Henrique Nery Costa, enquanto comentava o resultado da pesquisa sobre Comportamento, Atitudes e Práticas Relacionadas às DST e Aids da População Brasileira de 15 a 64 anos (PCAP). A pesquisa foi divulgada na última quinta-feira pelo Ministério da Saúde.
“São dados preocupantes. Nos estados do Piauí, Maranhão e Pará, a situação é mais grave porque a doença se alastra com mais rapidez”, disse o médico. Em todo o país, de acordo com a pesquisa, os casos de Aids crescem mais entre os heterossexuais, embora haja um risco maior entre os homossexuais. Um em cada dez gays é portador do HIV. O Piauí segue a tendência nacional.
Outro dado apontado na pesquisa é uma mudança de atitude entre os homossexuais e homens que fazem sexo com homens (HSH). Eles, principalmente os que possuem maior grau de escolaridade, procuram mais o serviço público de saúde e usam mais preservativos. “Existe essa tendência na população gay de se proteger mais. É uma mudança de atitude”, afirmou o médico, alertando que há ainda um número considerável que mantém relações sexuais sem o uso de camisinha.
Isso ocorre principalmente em relações estável, onde as partes estão juntas há mais de 11 meses. O médico aconselha, no entanto, que antes de deixar o preservativo de lado é necessário que os dois façam um teste para saber se não há nenhuma DST. “Além disso, deve haver uma fidelidade sexual entre os parceiros. Se qualquer um dos dois possui outro parceiro, a camisinha deve ser usada sempre”, aconselhou.
De acordo com a pesquisa, 78,9% dos gays e outros HSH usam preservativo na primeira relação sexual. Já na última relação, o número caiu para 59,6%. Entre os homens heteros, o percentual é menor. Apenas 21,64% dos heterossexuais não usam camisinha na primeira relação.
Médico ressalta importância da prevenção
O alastramento das Doenças Sexualmente Transmissíveis, em especial a Aids, acende o alerta dos especialistas e gestores da saúde. De acordo com o médico infectologista Carlos Henrique Nery Costa, é preciso que haja uma política de prevenção maior e que as informações cheguem cada vez mais cedo aos adolescentes.
“É preciso fazer uma abordagem nas escolas, mostrando aos jovens os cuidados que se deve ter para evitar a contaminação. Temos que ter mudança nos hábitos sexuais”, disse. Ele lembrou que a maioria dos jovens inicia a vida sexual aos 14 anos. Junto com a campanha de conscientização continua, é preciso que haja uma distribuição de preservativos.
Ele lembrou ainda que há uma mudança tímida de comportamento, principalmente em relação às mulheres, que conseguem se impor dentro de uma relação. Isso ocorre, no entanto, apenas entre aquelas que possuem um grau de escolaridade maior. “As mulheres menos instruídas não têm dificuldades, mas é preciso que as informações cheguem até elas”, disse.
Fonte: sistemaodia.com