63% das moradias do Piauí são inadequadas, segundo o IBGE
Levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 63% dos domicílios piauienses não estão em condições de serem habitados - somente 37,5% são moradias adequadas. Os dados fazem parte da edição 2010 dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável.
O IBGE, com base em dados de 2008, escolheu quatro critérios para definir se uma moradia é adequada ou não: ter coleta de lixo direta ou indireta, acomodar no máximo dois moradores por dormitório, ter rede de água, além de rede de esgoto ou fossa séptica. Somente quando as casas atendem aos quatro itens podem ser consideradas adequadas.
No caso do Piauí, dois itens contribuíram para puxar os índices para baixo: a ligação do domicílio à rede de esgoto ou fossa séptica (apenas 59,5%) e a coleta de lixo (apenas 56,2% dispõem desse serviço). O Estado possui um índice bem abaixo da média brasileira, que tem 57% de casas adequadas para a moradia.
O percentual de moradias adequadas do Piauí é superior aos de Rondônia (30%), Acre (26,3%), Amazonas (35,8%), Pará (25,5%), Amapá (22,5%), Tocantins (25%), Maranhão (36,8%), Ceará (36,7%), Rio Grande do Norte (36%), Alagoas (28,1%), Mato Grosso do Sul (21,1%) e Goiás (31,3%).
Por outro lado, o Piauí possui menos habitações adequadas para morar que Roraima (51,2%), Paraíba (44,7%), Pernambuco (40,5%), Sergipe (56,5%), Bahia (44,1%), Minas Gerais (68,8%), Espírito Santo (57,5%), Rio de Janeiro (68%), São Paulo (77,3%), Paraná (61,5%), Santa Catarina (63,1%), Rio Grande do Sul (62,7%) e Distrito Federal (78,6%).
Segundo o estudo, o Piauí tem a pior coleta de lixo do país, que tem média de 88% de coleta. O estado de São Paulo tem a melhor coleta, com 98,5% de atendimento. O estado também possui índices abaixo de 80% nos setores de até 2 moradores por dormitório (77%) e rede geral de água (69%).
Em Santa Catarina, 91,2% das casas abrigam até dois moradores por dormitório. No Amazonas, só 62,2% atendem esse critério.
A falta de saneamento, inclusive, tem repercussão na saúde da população. Segundo o levantamento, o Piauí registrou 854 internações por cada 100 mil habitantes em decorrência de doenças provocadas pela ausência de esgoto. O índice é quase três vezes maior que a média do país, que foi de 260 internações por 100 mil habitantes.
Segundo o IBGE, dentre os itens essenciais a serem tratados no desenvolvimento sustentável, destaca-se a habitação, necessidade básica do ser humano. “A moradia adequada é uma das condições determinantes para a qualidade de vida da população”, diz o documento, ressaltando ainda que um domicílio pode ser considerado satisfatório quando apresenta um padrão mínimo de aceitabilidade dos serviços de infraestrutura básica, além de espaço físico suficiente para seus moradores.
Apenas 7,9% das casas têm acesso a internet
Além das condições inadequadas, os domicílios piauienses também estão isolados em plena era da internet. Apesar da popularização da rede, dos computadores e das redes sociais, a internet ainda está presente em pouquíssimas casas. Segundo o IBGE, apenas 7,9% das casas piauienses, 69 mil habitações, tem computador com acesso à rede.
O índice é bem inferior a média nacional de 23,8% e é quase igual ao do Maranhão, que possui 7,8% das casas ligadas on line. Mesmo em estados com dificuldade de acesso por estradas, como o Amapá e o Acre, têm mais casas ligadas. O Amapá tem 9,1% dos domicílios ligados à rede e o Pará, 8,2%.
Do outro lado, há o Distrito Federal, com 45% das casas com computador ligado à internet, seguido por São Paulo (35%), Santa Catarina (33,5%) e Rio de Janeiro (33,4%).
O IBGE quis saber a quantidade de habitações ligadas à internet por acreditar que a rede abre novas oportunidades de geração e/ou ampliação de conhecimento para seus usuários. Em geral, quanto mais amplo for o acesso, maiores as possibilidades para que a população seja melhor informada, inclusive no que se refere às questões abordadas no desenvolvimento sustentável, facilitando seu apoio e sua maior participação nas tomadas de decisão.
A pesquisa ressalta que o fato do morador não ter internet em casa não significa que ele esteja desligado da rede, pois o acesso pode se dar não somente no domicílio, mas também na escola, no trabalho ou em estabelecimentos próprios para este fim, com lan houses. Note-se também que, no domicílio, a única forma de acesso investigada é aquela feita através de microcomputador, não sendo cobertas outra formas de acesso (pelo celular, por exemplo).
O IBGE destacou que, em 2008, o Brasil possuía 4.229.285 domicílios com microcomputador, porém, sem acesso à Internet, o que pode ser explicado pelo custo elevado do acesso à rede.